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domingo, 20 de novembro de 2016

Eu não cresci negra!!!!!




Vamos falar de Consciência Negra, esse dia que politicamente é marcado pelo sentimento de dever e moralidade do governo Brasileiro para com a população negra, mas esse não é o ponto mais importante, a Consciência Negra vai além disso, vem para fazer com que o negro possa ser negro em uma sociedade baseada em padrões europeus.

Vou contar minha história para vocês entenderem melhor.

Eu sou negra, minha pele é negra, meu cabelo é crespo e meu nariz é largo, mas eu não cresci negra!!!!

Isso foi algo que acabo de descobrir porque minha infância e adolescência eu não tive influências negras e não bastava ser afastada da cultura negra, era a mim imposta a padronização europeia que persiste até hoje na sociedade brasileira.

Logo nos meus primeiros anos de escola um fato marcou essa desvalorização do negro, minha pele negra "não era cor de pele", pois existia um lápis de cor cujo o nome era "cor de pele", essa cor era de "pele clara" os desenhos de todos da classe eram do mesmo tom. DETALHE ISTO ERA VISTO COMO NORMAL.

E antes mesmo da adolescência eu era submetida a procedimentos de alisamento de cabelo porque o padrão obvio era cabelo liso, isso acabou com meu cabelo que natural era muito lindo, mas eu não enxergava isso porque quanto mais negro mais feio então isso prejudicou ele. Sozinha escondida cortei meu cabelo, como não sabia cuidar dele decidi escova-lo para e não embaraçar e mantê-lo preso em um coque e os fios da frente eu fazia uma trança nagô (que é meu xodó e uso até hoje) para que pudesse crescer pois não achava bonito e nem sabia fazer penteados. Era a maneira que encontrei de protege-lo até que ficasse grande porque era meu sonho ter um cabelo comprido e crespo.

 A minha consciência negra veio aos poucos quando cheguei ao Rio, onde estou sendo eu mesma, NEGRA, foi aos poucos com toques das pessoas, dicas de como me arrumar, me impulsionaram a soltar o cabelo e usar um Black, coisa que nunca tinha feito na vida e essas atitudes me trouxeram algo que estava congelado, minha autoestima.

Então quando falamos em Consciência Negra, não apenas comemoramos um dia para pensar no negro e sim uma data especial para a expressão da cultura africana em cada um de nós, respeitar nossas características sem criar estereótipos. E outra, dizer que na verdade precisamos de um dia de consciência humana é mais uma maneira de ignorar a luta dos movimentos negros que buscam a igualdade racial que hoje ainda não foi alcançada.

Eu sou um desses exemplos, que somente aos 20 anos comecei a me ver como negra, e depois de analisar a real importância deste dia entendi que não e fácil lutar por algo que persiste por mais de 100 anos que é o racismo incorporado no pensamento crítico.